Hoje em dia ser Bàbáláwo/Ìyánífá (Sacerdotes de Ifá) e Olúwo (chefe de um Egbé Ifá) no Brasil tornou-se moda, já que, muitos adoram sair por ai falando que são “Ifáístas”, enquanto outros estão cometendo a bobagem de falar que o culto a Ifá no Brasil é “novo”.Vamos falar um pouco do que sei a respeito da “história do culto a Ifá” no Brasil.
Ifá é um dos nomes pelo qual é conhecida a Divindade (Imọlẹ̀) Ọ̀rúnmìlà (Aránímọyá), este título do mesmo se dá ao fato de ele ter sido o criador do oráculo sagrado (iorubá) denominado IFÁ (oráculo que se utiliza de coquinhos de dendê).
Assim como alguns (Ògún, Ṣàngó, Ọya, Ọ̀ṣun, Obà, Ọlọ́ògùn Ẹdẹ, Ọbalúayé, Nàná, Yèmọja, Òṣàlá, etc.) dos inúmeros Imọlẹ̀ (conhecidos no Brasil como Orixás) cultuados na Nigéria, Ọ̀rúnmìlà (seu culto) também veio para o Brasil na época do tráfico escravista, e sem dúvidas, as matriarcas fundadoras do Candomblé de nação Kétu no Brasil o conheciam, já que, alguns Bàbáláwo yorùbá as ajudaram a estruturar o Candomblé, e recriar o culto a Imọlẹ̀ (Orixá) no Brasil. Isso é fato, e qualquer um que conheça a história do Candomblé com profundidade poderá comprovar isso. Então, falar que o Culto a Ifá no Brasil tem pouco mais de 20 anos é bobagem, pura ignorância. Ifá no Brasil tem mais 100 anos.
Mas o que fez com que o culto a Ọ̀rúnmìlà-Ifá não “vinga-se” (se assim podemos dizer) no Brasil, como vingou o de alguns outros Orixás?
Os Bàbáláwo que aqui viviam, como Bàbá Ọ̀ṣúntadé (José Firmino dos Santos, fundador do Àṣẹ Ọlọ́ròkè, Casa Matriz do Candomblé Nação Ẹ̀fọ̀n no Brasil), Bàbá Bámgbóṣé (Rodolfo Martins de Andrade, um dos fundadores do Àṣẹ Òpó Àfònjá, uma das Casas Matrizes do Cadomblé Nação Kétu no Brasil), dentre outros, diferente de muitos nigerianos que vem ao Brasil nos dias de hoje, não viam o Culto a Ifá como uma maneira de ganhar dinheiro, e sim, uma maneira de corrigir e aperfeiçoar o destino e a preservação de uma Cultura (Iorubá) milenar, além de, terem a consciência que o Culto a Ifá no Brasil precisaria de uma RICA ESTRUTURA e MUITOS ANOS DE ESTUDO POR PARTE DOS INICIADOS, para que então pudessem ser capacitados sacerdotes (bàbáláwo/ìyánífá) dentro deste culto e consequentemente os mesmos darem continuidade ao culto em nosso país. E por possuírem esta consciência, respeito e amor por Ọ̀rúnmìlà, chegaram à conclusão que Ifá deveria ficar restrito a poucos, seus descendentes e os muito chegados, e com o tempo Ifá “desapareceu”, ou melhor, adormeceu no Brasil. Com o passar dos anos, e através do intercâmbio cultural realizado em nosso país, alguns nigerianos e cubanos adeptos de Ifá puderam vir ao Brasil e consequentemente acabaram por fazer com que Ifá e o seu culto acordasse, surgisse novamente em nossas terras. Este resurgimento do Ifá começou a acontecer a partir da década de 80.Em 22 de março de 1992, Rafael Zamora Diaz, Bàbáláwo Cubano, realiza na cidade do RJ, suas primeiras iniciações em Ifá (Ifá tradicional Cubando) em terras brasileiras, e assim passou a disseminar o Culto a Ifá (tradição Cubana) no Brasil.
E depois disso, com o passar dos anos, inúmeros nigerianos, cubanos e beninenses começaram vir ao Brasil e formarem suas “famílias” de Ifá. Tirando aqueles brasileiros que viajam até a Nigéria, Cuba ou Benin para serem iniciados em Ifá.
E hoje em dia, com a maior alegria, podemos dizer: O culto a Ọ̀rúnmìlà-Ifá encontra-se desperto no Brasil. Ao alcance de todos aqueles que desejem corrigir ou aprimorar o seu destino e também aprender e preservar a cultura de um povo tão magnífico como os iorubás.
Mas o que não podemos fazer é misturar tradições, nigeriana, cubana, beninense, etc.. A pessoa que é iniciada em Ifá cubano e depois passa para o Ifá nigeriano, ou vice e versa, tem que possui consciência que esta trocando de cultos, com regras, tradições e maneiras diferentes e não misturar as coisas e ainda confundir mais a cabeça daqueles que estão buscando seguira a religião de maneira correta.
Ifá diz: Se minha cabeça não me vende, não há quem me compre.
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